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2013-01-17

 

Mas qual fuga ao fisco? Gente maldosa...


O destaque de 1ª página do Jornal "I" foi para um Sr que na declaração do IRS de 2011 se esqueceu de incluir 8 milhões e meio de euros.
 
Diz o "I" que na declaração inicial do IRS o tal Sr. declarou como ordenado e outros rendimentos, dele e da esposa, cerca de 1,1 milhões e assim pagou de imposto 183 mil euros.
Foi o que declarou em Maio de 2012, como toda a gente. Mas depois devido a mexericos e bisbilhotices de jornalistas e de polícias atrás daqueles negócios em averiguação no processo Monte Branco o Sr. cismou ( como diria o José Luís Peixoto. No Alentejo, de onde ele é natural, usa-se muito o "cismar", explicou ele na TV) e pareceu-lhe prudente retificar a declaração e juntou mais 25 mil euros da sua Senhora e 655 mil seus. Mas... mas, lá mais para a frente (isto é o que diz o "I" e já sabemos como os jornalistas são maldosos) em 30 de Agosto cismou melhor e fez uma segunda retificação: afinal tinha-se esquecido de incluir o que tinha ganho nuns negócios com Angola, que, com riquezas imensas nas mãos de poucos é, para os negócios, um paraíso. Assim adicionou mais 8,5 milhões de euros de proveitos. Mas, já em Dezembro, pouco antes de ser chamado à polícia, ao DCIAP, a memória que tantas vezes nos trai, refrescou-se-lhe e o Sr. foi diligente e respeitador da lei retificar uma vez mais a sua declaração de IRS e declarou qualquer coisinha mais que correspondeu segundo o maldoso "I" a um acréscimo de IRS de 1,3 milhões. Fiz as contas e isso quererá dizer que ainda se tinha esquecido de quase uns 4 milhões. Tudo somado e sempre de acordo com o "I" que o Sr., através dos seus serviços, já chamou de mentiroso, tudo somado ganhou em 2011 à volta de 14 milhões.
Mas que senhor será este? Segundo um livrito que saiu há tempos e revela quem são Os Donos de Portugal este Sr., assim tão escrupuloso, é entre os ditos donos o dono principal, o simpático banqueiro, do BES, o Sr. Ricardo Salgado.
É aquele Sr que fez um comunicado para a imprensa a dizer que ia ao DCIAP, como testemunha, de livre vontade. Não se pusessem para aí a pensar que fora a polícia que cheirou a esturro e o convocou. Nada disso, foi ele, ele mesmo, de sua livre vontade. Realmente não estava a ver a polícia levar o principal dono do país (segundo aquele estudo radical e mal intencionado que está no livro citado) o Sr Ricardo, algemado, arrastado à força pelas pedras da calçada. 
Depois de ter lido isto que está aqui no "I"também aqui, fiquei mais conformado com os sacrifícios que o Governo impõe ao país, mais recetivo à tragédia do empobrecimento da maioria dos portugueses. É que afinal o dinheiro não desapareceu, o dinheiro está aí e em boas mãos, nos bolsos de gente ilustre, de pessoas de respeito e educadas que até dá gosto, de que nos devemos orgulhar. E que paga os seus impostos.
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Para casos destes, de fuga aos impostos da ordem dos milhões os nossos governantes fizeram legislação que evita prisão e multas e aborrecimentos a pessoas que merecem respeito. Quem for apanhado pelo fisco, se pagar "de livre vontade" fica perdoado e paga até só uma taxazinha pequenina, quase simbólica como prémio da sua boa vontade. Deus é grande.

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